CRISTO
CRISTIANISMO
(há aproximadamente 2.000 anos)
Jesus, "nasceu em Belém por volta de 5
AEC e viveu em Nazaré (Galiléia) até 27
EC, quando iniciou sua carreira pública ao ser batizado
(BATISMO) por JOÃO BATISTA.
Depois da prisão de João, Jesus proclamou na Galiléia a iminência
do reino de Deus. A nova ordem, que ele e seus seguidores afirmavam
ter sido prevista na PROFECIA hebraica, tomou seu
caráter do Deus a cujo reino pertencia. Jesus apresentou-o
soberanamente como PAI, e instou com os ouvintes
a que defendessem a vontade de Deus acima de tudo e confiassem nele
para prover às suas necessidades diárias. O reino de Deus envolvia
uma inversão de valores aceitos: o serviço humilde constituía
verdadeira honra, e os pobres e mansos eram mais dignos de louvor
(PARÁBOLAS).
Acompanhava a pregação de Jesus um mistério de cura, que incluia
especialmente a exorcização de demônios (DEMONOLOGIA).
Ele reuniu muitos discípulos, dentre os quais escolheu doze
APÓSTOLOS para compartilharem de seu mistério.
Depois de um ano de atividade na Galiléia, foi para o sul, para a
Judéia, a fim de oferecer também a JERUSALÉM o
caminho da paz, sem a qual a cidade experimentaria o desastre total.
A despeito dessa ênfase pacífica, as autoridades receavam que ele
viesse a precipitar uma revolta contra Roma. Preso durante a semana
da Páscoa, em 30 EC, foi
condenado ao suplício da cruz por Pilatos, governador romano da
Judéia. Pouco depois disso, seus seguidores proclamaram que ele se
erguera dentre os mortos e lhes aparecera vivo.
Identificavam-no geralmente com o esperado “Filho de Davi” – o
MESSIAS (ungido) ou Cristo. Não há registro de
que ele mesmo se proclamasse descendente de Davi. Preferia falar de
si mesmo como o “filho do Homem” – título que, não sendo de
uso corrente, poderia, portanto, ser preenchido com o significado que
ele decidisse atribuir-lhe. Depois da morte e ressurreição de
Jesus, a crença em sua autoridade e exaltação divinas expressou-se
nos títulos “Senhor” e “Filho de Deus”. Acreditou-se que em
seu ministério e morte ele houvesse englobado a figura do Servo do
Senhor do Livro de Isaías. A designação “Cordeiro de Deus”
transmitia a eficácia redentora de sua morte, com uma alusão ao
cordeiro pascal sacrificado por Israel no Egito" (HINNELLS,
J. R. Dicionário das religiões. São Paulo: Círculo do
Livro, 1984, p.142-143).
CRISTO
"Cristologia – Ensinamento relativo à pessoa de JESUS
CRISTO (cf. DEUS; TRINDADE). Como
os cristãos crêem por tradição que Cristo é, ao mesmo tempo,
humano e divino, o problema tem consistido em defender a ideia de
“naturezas” distintas: a plenamente divina e a plenamente humana,
numa personalidade singular e unificada. As explicações muito
deveram ao pensamento grego. Teólogos primitivos viam em Cristo a
Palavra (Logos) eterna de Deus tomando forma (Encarnação) humana.
Em resposta aos arianos, que o viam como uma espécie de ser
subordinado, entre Deus e o homem (ARIANISMO; HERESIA
MEDIEVAL CRISTÃ), o CONCÍLIO de Nicéia
(325 EC) definiu-o como
“da mesma substância do Pai” (homoousion). Nos séculos IV e V
proliferaram as teorias, e muitas opiniões foram condenadas como
heréticas. Os apolinaristas enfatizaram a divindade de Cristo mas
lhe supuseram a humanidade meramente física. Os nestorianos
sustentaram a humanidade de Cristo, tão distinta da sua divindade
que sugeria uma personalidade dividida. Os eutiquianos pensavam ter
havido duas naturezas antes da Encarnação e uma natureza “mista”
depois dela. O Concílio de Calcedônia (451)
definiu os limites da ortodoxia: “Jesus Cristo... verdadeiramente
Deus e verdadeiramente homem... com uma alma e um corpo racionais; da
mesma substância do Pai pelo que respeita à sua divindade, e... da
mesma substância nossa pelo que respeita à sua humanidade...
reconhecido em duas naturezas, sem confusão... sem separação”.
As comunidades dissidentes continuaram, incluindo os nestorianos. Os
monofisitas ensinavam que só existia uma natureza (divina) depois da
Encarnação. Os monotelitas ensinavam que apenas uma vontade existia
em Cristo. O PROTESTANTISMO primitivo permaneceu
“ortodoxo”, com exceção do UNITARISMO e,
mais tarde, do DEÍSMO. Do século XIX
em diante, mutáveis filosofias e concepções da natureza
humana geraram novas especulações. De um modo geral (à diferença
da Igreja primitiva), embora a humanidade de Cristo tenha sido
prontamente aceita, sua divindade tem encontrado maiores
dificuldades. As teorias Kenosis vêem Cristo como se se “despisse”
dos “atributos” divinos (CONCEITO CRISTÃO DE DEUS)
para se tornar homem. A definição calcedoniense foi amplamente
criticada, mas ainda não substituída" (HINNELLS,
J. R. Dicionário das religiões. São Paulo: Círculo do
Livro, 1984, p.74).